RPG

O que é RPG?

Imagine que um dia você ouviu sua amiga comentando com o restante do pessoal acerca do jogo desta semana. Você até tentou ignorar, mas eles riam de forma tão divertida àquele respeito e retornaram tantas vezes ao assunto, que acabou se rendendo à curiosidade.

“É difícil explicar sem perder toda a graça”, sua amiga parecia desconsertada. “Por que não vem jogar conosco para ver como é?”

Você não era exatamente um poço de animação, Nas como naquele sábado em particular estava sem nada para fazer, resolveu aceitar. Que mal faria? Adiantaram-lhe que não precisava saber nada de rpg para começar a jogar, então tudo o que tinha de fazer era aparecer na hora marcada.

Alguém lhe sugeriu assistir a uns filmes viajados para inspirar-se, no entanto, você resolveu pôr à prova essa história de nenhum-conhecimento-prévio-é-necessário. No sábado, seria apenas você, seu mau-humor, uma Coca-Cola e alguns salgadinhos comprados na loja de conveniência.

Por mais que relutasse em admitir, a espera lhe causou ânsia. A vontade de ler algo relacionado era grande, porém você resistiu. Tá, olhou no celular duas vezes que rpg era a sigla para roleplaying game (nada de reeducação postural global!), jogo de interpretação de papéis., mas isso não dizia muita coisa.

(Seria algo como Imagem & Ação?)

Então chegou o final de semana e você, sem querer transparecer ser essa pessoa ansiosa que é, chegou exatamente no horário marcado. Sua amiga já estava pronta e o tabuleiro armado na mesa da cozinha do apartamento dela. Ora, um jogo de bozó! E que bozós estranhos aqueles! Mas onde estavam as outras pessoas?

Sua amiga riu de sua ingenuidade e explicou que aquilo era o Brasil: pessoas chegam atrasadas. E no rpg parecia que essa má educação fazia parte do rito –todos sempre estavam pontualmente atrasados. Não adiantava mudar o horário, pois eles mudavam o atraso também para se adaptar.

“Mas podemos aproveitar esse tempo para eu ir te explicando as regras. O que acha?”

Era uma excelente ideia! Inclusive, diminuiria o desconforto de ser a única pessoa ignorante à mesa, incomodando com suas perguntas.

“Nós jogaremos um jogo chamado Starfinder, uma ópera espacial no estilo Star Wars e Star Trek, Guardiões da Galáxia também, onde cada um de vocês interpretará um trapaceiro com contas para acertar com grandes corporações. Eu tomei a liberdade de preparar duas personagens para você a fim de facilitar o processo. Por favor, escolha uma delas.”

“A primeira é uma pistoleira kasatha, uma raça de humanóides com cabeças alongadas e quatro braços. Ela usa quatro pistolas e é exímia com cada uma delas, todavia é muito mal vista em sua própria sociedade tradicionalista. Os kasatha são tão tradicionalistas que, num mundo de naves e armas laser, preferem o uso de armas brancas. Doideira, né?”

“A outra é uma shirren solariana. Imagine os solarianos como um Jedi recondicionado, com arma de luz e tudo, mas em vez de sabre, sua arma é uma segadeira de luz, tipo aquela foice da Morte, saca?”

E o que raios é uma shirren, você se pergunta. Ela parece ler na sua cara.

“Ah, os shirrens são o povo gafanhoto de Starfinder. Eles faziam parte de um enxame cósmico que devorava planetas, mas conquistaram sua liberdade e agora lutam para manter sua individualidade.”

Que loucura!

“E aí? Já escolheu qual das duas? Essa? Ótimo! Faça a gentileza de bolar um nome bem diferentão para ela!”

Em seguida, sua amiga lhe empurra o mais estranho dos dadinhos, dizendo que ele tem vinte lados e será o principal a ser usado durante o jogo. O nome que se dá é d20.

A lógica é bem simples: quando houver dúvida se sua personagem irá conseguir ou não algo no jogo, o d20 é lançado. Quanto maior o resultado, maiores as chances de ter dado tudo certo. Além disso, sua personagem tem um conjunto de estatísticas compilados numa ficha de personagem, dizendo no que ela é particularmente boa ou não. Naquilo que se destaca, ela receberia um bônus a ser somado no lance de d20, do contrário será uma penalidade.

Fácil, né?

“Isso é tudo”, diz sua amiga. “Pelo menos tudo que precisa saber para começar a jogar. Tem uma série de minúcias, entretanto isso vem com o tempo e eu estarei aqui para ajudar. O restante do pessoal também é super de boa em dar uma mão, então relaxa!”

“Inclusive, podemos começar. Os outros caras acabaram de mandar um zap dizendo que pararam no caminho para comprar Coca, mas que já estão chegando. Podemos?”

“Imagine que sua personagem acabou de chegar à Estação Absalom, uma estação orbital que ocupa o lugar no espaço da Terra desaparecida. Como naquele filme, Valerian e a Cidade dos Mil Planetas, a estação se tornou a nova morada da raça humana e ponto de convergência das várias outras espécies civilizadas. Você viajou escondida no compartimento de carga de um transporte ilegal e seguiu direto para a zona mais perigosa do complexo. Precisava de uma autorização especial e um local para se esconder dos lacaios de Kurushenko, um perigoso mafioso, com contas a acertar.”

“Para sua sorte, você conhecia a pessoa que poderia providenciar as duas coisas: Mama Bollenska, a dona de uma cantina imunda nos níveis inferiores da estação. Pense nas cantinas como aqueles bares de Star Wars, com aliens e musiquinha animada. A cantina de Mama Bollenska, chamada Varanda 139, está movimentada hoje, ainda que os fundos sejam guardados por um único homem-lagarto verde com dois metros e vinte de altura. Por onde você entra?”

“Você não encontra muita dificuldade para entrar. Atravessa algumas passagens mal iluminadas, esbarra em vários ombros, mas acaba chegando à proprietária do local.”

“Mama Bollenska é pouco mais que um gigantesco cérebro flutuante com um corpinho atrofiado pendendo dele. Ela ainda tem uma diversão perversa em maquiar um giro e um sulco frontal como lábios vermelhos vivos. A voz irritante dela soa direto em sua mente, mas não por que ela é irritante de fato, mas por que essa é a maneira que seu cérebro interpreta o contato com o dela.”

“Sinto muito, querida! Eles vieram cedo à sua procura e estão todos armados.”

“E como que obedecendo a uma espécie de comando mental, cinco humanos tatuados e uma androide se destacam da multidão, pistolas em punho, apontando em sua direção. O que você faz?”

Mas nessa hora chegam as demais jogadoras e vocês precisam fazer uma pausa para recebê-las.

Ficou na curiosidade para saber como a história terminava? O que acha de jogar um pouco, de verdade, para ver como é?

Que tal neste sábado?

Ps. Se você chegou até aqui, por favor considere visitar a página de apoio e tornar-se, você próprio, um(a) apoiador(a) do projeto!

Crie um site como este com o WordPress.com
Comece agora